sábado, 4 de julho de 2009

BRINCAR É "MANJAR"

Matéria publicada no Blog da Folhinha - uma parte da Folha de São Paulo dedicada as crianças e jovens, Roni Wasiry Guará, do Povo Maraguá-Mawé foi entrevistado pela repórter Gabriela Romeu por ocasião do 11º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens que se renova de ano em ano no Rio de Janeiro. Foi no stand do INBRAPI-NEARIN no Salão do Livro, que Roni Wasiry falou sobre como é o "ser" criança dentro do contexto do seu Povo Maraguá. Falou também um pouco sobre seu livro " O caso da cobra que foi pega pelos pés " , confira a matéria abaixo. O áudio da entrevista está no Blog da Folhinha assim como a matéria completa. Acessem o blog través deste endereço: http://blogdafolhinha.folha.blog.uol.com.br/arch2009-06-14_2009-06-20.html#2009_06-14_04_28_57-132516387-29
Raphael Crespo


Brincar é "manjar"



Às vezes, a gente senta para conversar com alguém e não faz ideia de quanta coisa pode aprender em pouco tempo. Foi assim meu bate-papo com Roni Wasiry Guará (na imagem acima, lendo seu livro), de 34 anos, indígena da etnia maraguá maué, localizada na região amazônica.
Conheci Roni no Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens, que acontece no Rio de Janeiro. Ele estava lá para lançar seu primeiro livro: “O Caso da Cobra que Foi Pega pelos Pés” (ed. Imperial Novo Milênio). Ele assina a obra só com seu nome indígena Wasiry Guará.
O jovem escritor, que trabalha como educador na aldeia, contou um pouco sobre a cultura de seu povo. E, por conta do Mapa do Brincar, não deixei de perguntar sobre as brincadeiras de lá. De que as crianças brincam?
Roni explicou que é difícil dizer que se brinca disso ou daquilo. Na verdade, as crianças brincam de tudo ao mesmo tempo. É como se uma brincadeira puxasse a outra. “Nossas crianças não têm um jeito de brincar definido. É uma mistura de tudo.”
Para os maraguás maués, “manjar” é a palavra que defini brincar. “Manjar é um agrupamento das brincadeiras”, explica. “Se um sair correndo, todo mundo sai correndo atrás.”
Como eles brincam? Por exemplo, fazem competições para descobrir quem é o melhor corredor, o melhor nadador, aquele que fica mais tempo debaixo da água, quem é mais ágil no galho das árvores.
Há uma brincadeira feita com uma roda de cipó, geralmente feita por uma pessoa mais velha da aldeia. Alguém joga a roda. E as crianças saem correndo atrás dela para enfiar um tipo de dardo para enfiar a pena na roda. E cada clã (grupo de caçadores, pescadores, artesãos) tem uma cor o identifica. No final, eles conferem qual clã foi mais habilidoso. A brincadeira é conhecida como “titica”.
Mas a brincadeira não acaba quando alguém ganha. Dali a turma que espetou mais penas vai ter que perseguir os outros dentro da água – ou seja, a brincadeira continua.
No áudio abaixo, Roni fala um pouco sobre seu povo:
http://blogdafolhinha.folha.blog.uol.com.br/arch2009-06-14_2009-06-20.html#2009_06-14_04_28_57-132516387-29

Escrito por Gabriela Romeu às 03h2

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