sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Oficina de audiovisual terá participação de 27 indígenas

Dando início a programação do Vídeo Índio Brasil 2009, o Pontão de Cultura Guaicuru recebe a partir deste sábado uma equipe de 27 indígenas de diversas regiões de Mato Grosso do Sul para participar de uma Oficina de Produção Audiovisual Indígena. A atividade tem início às 8 horas e será ministrada pelos cineastas Joel Pizzini e Iván Molina, esse último diretor da Escola de Cinema e Arte de La Paz, na Bolívia. A oficina ainda terá como monitores os realizadores Divino Tserewahú, xavante, e Paulinho Kadojeba, bororo.
Hoje, a equipe que participará da oficina já estará no Pontão, para conhecer a metodologia da oficina e assistir uma palestra cujo tema é “O Sentido do Cinema”. São indígenas de 15 a 30 anos e a maioria jamais teve contanto com a produção audiovisual, seus métodos e processos.

A oficina marca, não só o início das atividades do Vídeo Índio Brasil 2009, mas o cerne da proposta do festival: dar a oportunidade aos indígenas de conhecer as ferramentas do audiovisual, para que ele possa ser utilizado como instrumento para promover a reflexão sobre suas condições, seus direitos, sua história.

Até domingo (16), os indígenas aprenderão sobre a história do cinema, a linguagem do documentário, a fotografia para o audiovisual, roteiro, direção e montagem. Diariamente, ainda, os participantes serão convidados a participar dos debates realizados após as exibições no CineCultura. Os alunos serão estimulados a produzir os roteiros e editar as imagens.

A oficina ainda deve resultar na produção de um curtametragem, que pretende ser apenas a primeira produção desses indígenas. Entre os participantes da oficina, estão confirmadas as presenças de Abrisio da Silva Pedro e Kiki, atores guaranis de “Terra Vermelha”, de Marco Bechis. Depois de atuar no longa, os dois agora poderão ter contato com o processo “atrás das câmeras”.



Os ministrantes




O documentarista Joel Pizzini será o responsável pela primeira etapa da oficina. Pizzini é o diretor de uma dezena de filmes, entre eles “Caramujo-Flor”, sobre o poeta Manoel de Barros, e “500 Almas”, documentário sobre os índios Guató, vencedor dos prêmios de melhor fotografia, trilha sonora, som e montagem pelo Festival de Brasília e melhor documentário pelo Festival do Rio de Janeiro.“500 Almas” leva as telas a tentativa de recuperar a memórias dos índios guató, que viviam no Pantanal até o século 19. Na década de 70, os guatós chegaram a ser considerados extintos.



Iván Molina é um dos mais importantes realizadores de cinema da América Latina, participou dos principais eventos ligados ao audiovisual na região. Formado na Bolívia, Molina também estudou em Cuba e tem uma relação estreita com indígenas de seu país. Ele é o responsável pelos módulos de fotografia para audiovisual, roteiro, direção e montagem da Oficina. Dois de seus filmes integram a programação do VIB 209. Ivan será auxiliado por pelo cineastas indígenas Divino Tserewahú, e Paulinho Kadojeba.




Tserewahú é xavante da Aldeira de Sangradouro, em Gomes Carneiro (MT), e tem contato com o audiovisual desde a década de 1990. É o realizador de três documentários sobre os rituais de iniciação xavante. Já Paulinho Kadojeba, de Mato Grosso, dirigiu “Boe Ero Kurireu”, apresentado na primeira edição do Vídeo Índio Brasil, em 2008. O curta metragem, produzido em 2007, retrata a expansão da cultura da soja sobre o Cerrado, trazendo queimadas e levando embora a fauna e a flora local. Ainda assim, defende Kadojeba, quando não restar mais nada, ainda haverá o signo, instrumento para devolve o elo entre os bororo, os donos do conhecimento da vida e da morte.

Fonte: MS Notícias-Mato Grosso do Sul
www.msnoticias.com.br
07/08/2009 - 11:27

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