sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Informes do NEArIn - no. 05 - Dezembro 07

Editorial

Final de ano, início de novos sonhos: um balanço do NEArIn.

O final de ano já se aproxima. Leva consigo um tempo que não mais voltará, mas deixa marcas profundas que irão marcar para sempre a história de nossas vidas pelo que fizemos ou pelo que não fizemos e poderíamos ter feito.

Certamente foi um ano bem produtivo. Muitas coisas conquistamos com a nossa teimosia e resistência e outras não conseguimos levar adiante. Não tem importância. O que vale é o caminho e pela frente teremos sempre novos desafios que nos farão buscar soluções criativas e dinâmicas.

Fazendo um balanço anual de nossas ações, consideramos que demos passos bastante largos em direção de nossa autonomia. Basta-nos ver o que nos aguarda para o próximo ano em termos de possibilidades.

Vale lembrar que o ponto marcante deste ano foi o IV Encontro de Escritores e Artistas Indígenas que reuniu um bom grupo de realizadores indígenas e onde se discutiu temas relevantes para o bom desempenho de nosso trabalho. Também criamos um olhar novo sobre questões ainda não totalmente resolvidas como a inserção dos povos indígenas no mundo da leitura e da escrita.

Há perguntas que ainda temos que nos fazer: qual nossa visão de futuro? O que prega, efetivamente, o NEArIn? Onde pensamos chegar? Como chegaremos ao que pensamos?

São, sem sombra de dúvidas, perguntas que criam em nós outras tantas questões. Mas já avançamos um pouco e o ano de 2008 nos trará oportunidades de responder algumas destas questões.

Também há coisas que precisamos resolver com relação à nossa própria organização: estamos todos envolvidos nas propostas do Núcleo? Queremos continuar com esta articulação em torno da escrita e da leitura? Temos convicções do que estamos propondo?

É preciso lembrar que este informativo foi criado para ser um instrumento de comunicação e cobrança entre nós. A pergunta que a coordenação tem se colocado é: se é para nos comunicarmos, então porque ninguém dá um retorno quando recebe os informes? Por que não há um compromisso real com o que é combinado?

Não devemos nos esquecer que a primeira crítica que fazemos a quem comanda é que, normalmente, ele ou ela não é democrático/a. Sempre alegamos que ser líder é ser transparente, mas isso parece que vale apenas para os outros e não para cada um de nós.

Estes informes são justamente para democratizar as ações e oferecer um parâmetro para a participação de todos e todas. Ainda sonhamos com isso.

2008 vem aí para nos oferecer mais uma oportunidade de fazermos diferente e nos colocarmos na dianteira e não na contramão.

O Núcleo de Escritores e Artistas Indígenas – NEArIn – veio para ficar. Ou não?

Essa coordenação deseja a todos/as um feliz, criativo e ousado ano novo.

O que vem pela frente?

Há alguns projetos que estão encaminhados e que deverão ser desenvolvidos no próximo ano. Em resumo são eles:

1. Projeto Poranduba

É uma parceria do Núcleo com o grupo de contadores de Histórias Indígenas. Será coordenado pela arte-educadora Rute Casoy e contará com a assessoria de Daniel Munduruku e Cristino Wapixana.

Este projeto terá a duração mínima de 12 meses e terá apoio financeiro da Petrobrás, através da Lei Rouanet.

2. Concurso Tamoios

Este concurso é voltado apenas para autores indígenas e já está na sua quinta edição. Ele foi desenvolvido em parceria com a FNLIJ. A premiação acontece durante o Salão do Livro Infantil e Juvenil que é realizado anualmente no Rio de Janeiro. Para mais informações: www.fnlij.org.br.

3. Encontro de Escritores e Artistas Indígenas

Será o quinto encontro e acontecerá de 24 de maio a 02 de junho no Rio de Janeiro.

Este ano ele será apoiado pelo Instituto C&A e terá um formato um pouco diferente. Além do estande que funcionará durante o Salão do Livro, do seminário organizado pelo Núcleo, haverá também um curso de especialização oferecido a todos os participantes. Este curso será ministrado por especialistas em literatura e ilustração.

4. I Salão FNLIJ do Livro para crianças e jovens de Pernambuco

Este é um evento novo que também será patrocinado pelo Instituto C&A nos mesmos moldes do que acontece no RJ. Por conta disso manteremos o seminário, o estande e convidaremos indígenas do Nordeste para participar conosco. A data ainda não está marcada, mas já sabemos que irá acontecer apenas em novembro de 2008.

5. Biblioteca na Aldeia

No informe anterior já havíamos comentado sobre esta iniciativa do Núcleo. Queremos muito criar possibilidades de pensar o tema da leitura e escrita como um direito fundamental de nossos povos. Para isso criamos o projeto Biblioteca na Aldeia. Trata-se de um piloto para avaliarmos o impacto que a cultura letrada terá em uma comunidade específica, que neste caso será Munduruku. Nossa intenção é que possamos replicar a experiência após esta avaliação.

O que ainda não está concretizado?

Como um embrião, estamos elaborando um projeto para a criação do Centro de Referência em Educação e Cultura Indígena – CRECI. Nossa idéia inicial é que possamos reunir especialistas indígenas em educação e façamos um piloto para estudarmos novas formas e metodologias de educação a partir da arte e da literatura. Nada está fechado e esperamos a contribuição de todos/as.

Também é embrionária a idéia de articularmos a criação de um Programa de Bolsas de Estudos para Especialização de Indígenas em Literatura Infantil e Juvenil.

Estamos atentos à necessidade de qualificar jovens recém formados para trabalhar o tema de forma acadêmica. Para isso precisamos amealhar recursos para poder oferecer as condições necessárias para o bom desempenho destes jovens.

O projeto ainda está em fase de elaboração e também aqui queremos contar com o apoio de todos nossos aliados.

Um comentário:

Edu disse...

Acabo de ficar completamente feliz por encontrar este blog do Nearin e gostaria muito de estreitar meu contato com vocês. Publicarei um livro pela Ateliê Editorial, do editor Plínio Martins, de São Paulo. Adoraria ser um apoio da literatura produzida por vocês aqui por estes lados. Não sei de que forma, mas só poderemos chegar a isto conversando.
Aí vai o meu blog, com o mesmo título do livro que está para sair, meio índio, mais pelo contato com a terra que pela pouca parcela de sangue.
O Brasil só resolverá seus problemas quando as culturas indígenas forem um norte para as decisões principais. E tenho fé que esse dia chegará em breve.
Abraços a todos.

Edu