quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Simpósio debate um novo conceito de joia no Pará

Da Redação
Agência Pará

Quem teve a chance de participar do simpósio internacional sobre a produção de joias, ocorrido nesta quarta (26), na Estação das Docas, em Belém, criou um novo conceito a respeito do assunto. Foi o caso do experiente ourives Francisco de Assis, 53 anos, que integra a equipe do Pólo Joalheiro do Pará.

Segundo ele, que iniciou sua atuação no ramo joalheiro comprando e vendendo joias até começar a confeccionar peças, os conhecimentos adquiridos no evento "vão enriquecer o aprendizado, criando um novo estilo de peças, mais volumosas, sem fugir da essência da joia paraense".

Os debates realizados no Simpósio Internacional, que giraram sobre os temas Diálogos entre Arte, Joias e Design e Diálogos entre Patrimônio Histórico Cultural e Design de Joias, também foram considerados positivos para o aprimoramento da joia produzida no Pará pela designer Lídia Abrahim, outra integrante do Pólo Joalheiro.

"O Simpósio mostrou a importância de se conhecer verdadeiramente a nossa cultura, por meio de pesquisa bem feita, fundamentada em livros, com levantamento fotográfico, e assim poder transformar a nossa joia em um produto que tenha a cultura material", ressaltou Lídia.

Para ela, o Workshop Internacional - que oferece aos profissionais do Pólo Joalheiro três semanas de capacitação, com oficinas e cursos de design e ourivesaria - promoveu um momento para que questionasse sobre o caminho que estava tomando no ramo joalheiro.

"O workshop é um marco no meu trabalho como designer de joia. O que eles falaram (os especialistas italianos Stefano Ricci, Marco Fasoli e Claudio Franchi) fortaleceu o caminho que estava buscando: ser uma artista que quer se expressar através da joia", completou.

Concluinte do curso de Design de Produtos da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Clarisse Fonseca, 22 anos, considerou "muito interessante" a exposição dos assuntos abordados. Segundo ela, todos os temas são atuais, "coerentes com a nossa necessidade de informação, tanto na área produtiva quanto no design. As atividades estimulam o fomento da cadeia produtiva, e devem ser valorizadas por todos".

Palestras - Pela manhã, o ourives, restaurador e professor Claudio Franchi abordou a "Leitura da Arte para a Cultura de Projeto", mostrando como elementos presentes na escultura, pintura e num objeto decorativo podem gerar processos criativos de joias. Ele também ressaltou a necessidade de buscar referências, o conhecimento sobre a arte universal, para embasar esse trabalho de criação.

Em seguida, o arquiteto, designer de joias e professor Stefano Ricci falou sobre "A Centralidade do Projeto", a partir de peças por ele criadas para empresas consideradas referências no mercado internacional de joias, como Swarovski e Smolensk Diamonds. Outro exemplo citado por Ricci foi o Anel do Pescador, usado pelo Papa Bento XVI desde quando assumiu o comando da Igreja Católica.

No processo de criação do anel, o designer disse que se inspirou em São Pedro, considerado o primeiro Papa, nos peixes (pelo fato de Pedro ser pescador) e na Santíssima Trindade. Ricci acabou criando dois anéis, um com linhas modernas e outro mais tradicional - e este acabou escolhido pelo Papa. Segundo ele, na escola de joalheria do futuro o designer conhecerá as duas linguagens - a criação e a execução da joia.

Cultura regional - À tarde, a arqueóloga e historiadora do Museu Paraense Emílio Goeldi, Edith Pereira, abordou "A Arte Indígena da Amazônia - da Pré-história ao Design Moderno de Joias", mostrando a riqueza das iconografias marajoara e tapajônica, "com traços e formas próprias de representação". Para Edith Pereira, é preciso que designer saiba "como empregar os elementos iconográficos nas peças".

Em seguida, o historiador Renato Aloizio Oliveira Gimenes, integrante da Diretoria de Patrimônio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), falou sobre "Preservação Cultural e Sustentabilidade".

"Apropriação do Imaginário Paraense pelo Design de Joias" foi o tema da palestra da designer e professora da Uepa, Rosângela Gouvêa, para quem o imaginário "está no campo das representações, mas como uma tradução não reprodutora, e sim criadora, poética". Segundo ela, a joia paraense possibilita a valorização de profissionais locais, o que reforça sua importância social e econômica, já que tem um forte apelo ao consumo por agregar materiais regionais e apresentar uma identidade cultural.

Ao encerrar o simpósio, a diretora executiva do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama)/Polo Joalheiro do Pará, Rosa Helena Neves, afirmou que "todo esse esforço do governo do Estado e das instituições parceiras do Pólo Joalheiro em promover o debate sobre o setor e a capacitação profissional se destina a avançar no trabalho feito no Pólo, para mostrar a complexidade desse trabalho".

Sobre as questões abordadas no evento, Rosa Helena Neves foi enfática: "Precisamos escutar e refletir sobre a contribuição que têm a nos oferecer pessoas que estão em outros estágios na produção de joias".

Seminário - O simpósio integrou a programação do II Workshop de Ourivesaria, Design e Marketing de Joias, realizado pelo governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, Universidade do Estado do Pará, Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-Pará), Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama)/Pólo Joalheiro e Organização Social Pará 2000.

O workshop será encerrado na próxima sexta-feira (28), com o seminário temático "A Cultura da Joia: Aspectos Históricos e Sociológicos sobre a Estratégia da Ornamentação", de 8 às 12 horas, no auditório do Centro de Ciências Naturais e Tecnologia (CCNT) da Uepa, na travessa Enéas Pinheiro, 2626, bairro do Marco. O seminário é destinado aos profissionais do setor joalheiro e a professores e alunos dos cursos de Design, Artes Visuais, Moda, Marketing e Comunicação.

Ascom/Igama

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